Em 2020, sob a coordenação do
Prof. Dr. Vasco Ariston de Carvalho Azevedo, um grupo de oito pesquisadores, sendo seis docentes da Pós-graduação em Genética,
foi contemplado com o Edital 11 da Capes, cujas metas envolvem desenvolvimento de estratégias de combate à COVID-19.
Desse modo, a Pós-graduação em Genética tem o prazer de anunciar o projeto:
Abordagem integrada de combate à COVID-19: Desenvolvimento de formulações vacinais,
avaliação de imunobiológicos e compostos imunomoduladores. Trata-se de um projeto de estratégias inovadoras e de caráter multidisciplinar, características necessárias
para o combate de doenças persistentes no cenário brasileiro e mundial.
A despeito das várias abordagens utilizadas para o desenvolvimento de uma vacina para imunizar a população em nível mundial, acreditamos que são
necessárias terapias e estratégias para
prevenção ou inibição da replicação do vírus, o
controle da exacerbação inflamatória, além de
novas formas vacinais,
para conter a disseminação do vírus e evitar a geração de variantes.
O grande projeto inclui subprojetos, como:
1- Desenvolvimento de vacinas e anticorpos monoclonais:
1) Desenvolvimento de um veículo profilático bacteriano, utilizando a abordagem das vacinas de DNA, utilizando a sequência codificadora das
proteínas N (nucleocapsídeo de Sars-CoV-2) e a IL-17, como adjuvante (
Prof. Dr. Vasco Ariston de Carvalho Azevedo – Genética);
As vacinas de DNA representam as mais recentes formas de imunização e constituem uma interessante alternativa para a apresentação de
moléculas ao sistema imune. Assim, é possível a síntese destas proteínas pelas células do próprio indivíduo vacinado, com consequente apresentação
das mesmas ao sistema imune, gerando proteção a microrganismos patogênicos (Gurunathan et al., 2000).
2) Utilização da cepa vacinal BCG, a vacina mais usada no mundo, como carreador expressando antígenos de
Sars-CoV-2 (
Prof. Sérgio Costa Oliveira – Genética);
3) Desenvolvimento de uma proteína quimérica mutiepitópica contendo a proteína spike, a nucleoproteína e a proteína de membrana do Sars-CoV-2, como
potencial vacina. Desvendar epítopos conformacionais efetivos que possam ser utilizados como imunoterapêuticos contra Sars-CoV-2 (
Prof. Mariana Quezado);
4) Produção de anticorpos neutralizantes monoclonais a partir de peptídeos miméticos da região RBD (
receptor binding domain) do Sars-CoV-2 como potencial terapêutico.
Caracterização de anticorpos de cavalos produzidos em resposta à imunização com a proteína
spike do Sars-CoV-2. Esperamos que com essa caracterização possamos produzir
anticorpos que sejam capazes de neutralizar o vírus (
Profa. Liza Felicori).
2-Reposicionamento de fármacos e uso de fitonutrientes e probióticos
Uma
resposta inflamatória exacerbada, mediada pela produção descontrolada de mediadores inflamatórios (citocinas) pode ocorrer durante a COVID-19.
Em pacientes com COVID-19, a força da explosão de citocinas foi associada ao
aumento do risco da síndrome respiratória aguda grave (SRAG), dano miocárdico e morte.
Atenuar essa explosão de citocinas em COVID-19 com corticoides tem-se demonstrado eficaz, diminuindo danos e a mortalidade. Compostos que possuam atividades anti-inflamatórias
e imunomoduladoras tornam-se candidatos em potencial para o tratamento auxiliar da COVID-19.
Nesse sentido, testaremos
duas bactérias probióticas como
reguladoras da resposta imune exacerbada (Profs. Álvaro Cantini Nunes -
Genética e Adriana Abalen Martins Dias - Genética).
Em todos os modelos experimentais de doenças infecciosas em que esses probióticos foram testados, incluindo rotavírus, a característica comum observada foi a menor gravidade
das lesões nos tecidos e órgãos infectados, sem inflamação excessiva, melhorando a sobrevivência animal e diminuindo a taxa de mortalidade.
Testaremos, também,
fármacos inibidores de vias de proteínas quinases e disponíveis no SUS com a mesma finalidade de controlar a exacerbação inflamatória em ensaios
in vitro (
Prof. Diana Bahia - Genética), assim como
fármacos de baixo custo usados em outras doenças
e fitonutrientes (produtos vegetais) (
Prof. Frederico Marianetti Soriani - Genética)
que tem grande potencial anti-inflamatório para possível reversão da exacerbação da produção de citocinas.
Testaremos todos esses candidatos terapêuticos em culturas do vírus
in vitro, tanto de células epiteliais alveolares como fagocíticas,
em modelos murino e humano. Usaremos um modelo de Sars-CoV em macrófagos alveolares murinos, induzidos pela inoculação de um coronavírus
murino (MHV –
Murine coronavirus 2), como o próprio Sars-Cov-2, em células humanas.
Com a implementação do laboratório de segurança máxima NB3, coordenado pelo Prof. Luis Henrique Franco e Prof. Renato Santana
iniciaremos, em breve, treinamento dos pesquisadores no manejo do laboratório e o cultivo de Sars-Cov-2 em células
in vitro.