Resumo |
A população brasileira é caracterizada por grande diversidade étnica e intensa miscigenação.
O conhecimento da estrutura dessa população pode auxiliar bastante nas análises de genética
forense. Estas análises utilizam comumente os marcadores microssatélites. A partir do banco
de dados genéticos, provindo de resultados de teste de paternidade realizados com amostras
de todo país, disponibilizado pelo Laboratório Biocod Biotecnologia, dois objetivos principais
foram traçados: a caracterização de marcadores microssatélites e o estudo da estrutura
genética da população brasileira a partir destes marcadores. Para as análises foram escolhidos
18 marcadores microssatélites distribuídos em dois painéis, MG2 e MG3, para genotipagem
que incluem marcadores pertencentes no painel CODIS, sistema indexado de DNA
padronizado pelo FBI e incluídos em sistemas comercias, D12S391, D13S317, D16S539,
D2S1338, D3S1338, D5S818, D7S820 E TH01; e marcadores pouco estudados como:
D10S1237, D16S753, D21S1437, D22S534, D22S689, D3S2387, D3S2406, D5S2503,
D9S938 e SE33 . A população brasileira foi dividida em sub-populações de acordo com os
estados brasileiros. Os parâmetros forenses calculados, poder de discriminação (PD),
probabilidade de correspondência (PC), informação polimórfica contida no marcador (PIC),
poder de exclusão (PE) e taxa de mutação, mostraram que os dois painéis apresentaram
resultados significativos e muito próximos aos resultados apresentados em estudos, com
marcadores comercializados, tanto com populações brasileiras quanto com outras populações
mundiais e que os marcadores ainda pouco conhecidos se mostraram interessantes para
utilização nas análises forenses já que apresentaram resultados compatíveis com os
marcadores mais informativos do sistema do FBI. Os dois sistemas juntos apresentaram um
PD=0,933, um PE=0,573, uma taxa de mutação média na ordem de 10-4 e um índice típico de
paternidade que remonta a 99,9999% a probabilidade de paternidade. O SE33 foi o marcador
mais informativo, resultado este que se confirma com os resultados de outros trabalhos com o
mesmo marcador. Nas análises sobre a estrutura genética da população utilizamos o
AMOVA, que é baseado nas estatísticas de F de Wright (1951), e os resultados mostraram
que a variação é maior dentro das populações do que entre elas. Os valores de Fst apontam
pela não existência de estruturação nessas populações. O Fis e os resultados para o teste de
equilíbrio de Hardy-Weinberg demonstram um excesso de homozigotos que podem ser
explicados pelo princípio de Wahlund. Para definir a existência de estruturação genética na
população brasileira seria necessária a análise de mais marcadores microssatélites, porém tais
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marcadores são extremamente aplicáveis a estudos forenses, e estudos deste tipo são
extremamente úteis para o tipo de análise, que é totalmente dependente do conhecimento dos
marcadores e das populações envolvidas.
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